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Leia discurso de Eliomar sobre relação promíscua entre vereadores e Fetranspor

“Eu quero deixar muito claro, primeiro, que há 20 e tantos anos eu sou vereador nesta Casa, conheço tudo que acontece nesta Casa e posso garantir que esta relação entre Vereadores e a Fetranspor, solicitando e cedendo ônibus, é promíscua. E vou dizer porque que é promíscua. É promiscua porque eu, como vereador que estudo a política de transporte, nunca consegui aprovar um projeto meu de transporte aqui nesta Casa. Por quê? Porque consta exatamente este tipo de relação. Porque quando o meu projeto entra na Ordem do Dia, se apresenta emenda ou então ele vai para o espaço. Às vezes não chega nem a vir aqui para o Plenário.

Na Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, inclusive transporte para pessoas com deficiência, nós não conseguimos aprovar. Vereadores inclusive que jamais votariam favorável ou contra, preferiram sair do Plenário exatamente para não votar de acordo com aquilo que defendia os interesses das pessoas com deficiência.

Apresente um projeto da área de Transporte que contraria interesses do empresário de ônibus que tenha sido aprovado nesta Casanos últimos 10 anos?! Se há necessidade de ônibus para levar crianças para as escolas, que o poder público se responsabilize por isto. Nos outros países que eu conheço, que tenho visitado, quando a gente está num determinado museu, que vê aquela criançada entrar, a gente pergunta como é que aquela criançada chegou; chegou exatamente através de um transporte público.

Esse negócio de primeiro dizer que o pessoal da Fetranspor tem preocupações sociais, isso é conversa para boi dormir! É um dos empresariados mais atrasados que existem na cidade do Rio de Janeiro. De maneira que não tem jantar de graça, o nobre Vereador Cesar Maia sabe perfeitamente disso, já foi prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, sabe que não tem almoço de graça, quem dá a mão, dá a condição.

Eu estranhei quando chegou uma pessoa no meu gabinete pedindo para eu conseguir um ônibus, porque quer levar a sua turma de alunos para visitar um museu. Eu disse que não tinha a menor condição. É que eles tinham ido na Fetranspor, e lá disseram que se nós conseguíssemos uma carta de um vereador, o ônibus seria cedido. Então, estou fora, nessa eu não entro, e nunca entrei. Sei como as coisas se dão, eu sei como essa relação acontece, e a prova é o tempo que eu tenho aqui nesta Casa.

Corre pela rádio corredor – todo mundo já ouviu a rádio corredor – que para determinados projetos importantes no sentido de atender aos interesses dos empresários de ônibus, existe uma caixinha. Corre na rádio corredor. Eu não posso afirmar isso porque não tenho provas, mas que corre na rádio corredor, isso corre.

Sabemos da briga enorme que existe nesta Casa, talvez a maior, para ocupar os cargos na Comissão de Transportes e Trânsito. Então, não venha para cima de mim com esta conversa de que esta relação é institucional, legal, porque não é por aí. Saia do armário, vereador aqui tem que chegar e dizer o que ele é, o que ele faz, e geralmente isso não acontece. O discurso aqui é um, mas a prática é outra.

Eu defendo o transporte de qualidade, com segurança, pontualidade e preço acessível. Já provoquei várias vezes o Ministério Publico, já realizei audiência pública com o Ministério Público. Fui uma vez ao Ministério Público com um advogado que dava apoio jurídico no meu gabinete e, conversando com a promotora, falei que era complicado, porque eles entram com a ação e aí vem o pessoal com as recorrências. Essas recorrências são de uns dez, quinze, trinta anos, e quando eu saí falei para ele que ele já tinha perdido o emprego, porque já tinha visto que apoio jurídico não adianta de nada.

Imoralidades aplicadas pela política de transporte na ficam totalmente impunes. A licitação que foi feita pelo alcaide Eduardo Paes, ele que me desculpe, mas é fajuta, é para inglês ver, aquilo não é licitação. Então, são coisas que o meu mandato tem cobrado nesta Casa, e não tem tido o mínimo de sucesso. O que eu reivindico aqui tem legitimidade e tem como referência o desejo da população. Eu vou para as ruas Sr. Presidente, e ouço o clamor dos usuários de ônibus.

Então, é isto. Eu quero que quando se fizer intervenção aqui, faça-se a intervenção, mas não querendo tentar me convencer de que isto é uma prática legítima, legal, porque não é. E eu afirmo e termino dizendo o seguinte: a relação, infelizmente, tem sido promíscua.”

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8 Responses to Leia discurso de Eliomar sobre relação promíscua entre vereadores e Fetranspor

  1. Pingback: Vistoria no Engenhão | Eliomar Coelho - PSOL - O vereador do Rio

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