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Mensagem do governador é o início do fim do Bilhete Único

A Assembleia Legislativa começa a se debruçar sobre o mais novo “pacote de maldades”enviado pelo Governo do Estado (2/2/16), supostamente, para superar a grave crise financeira do Rio de Janeiro. No caso do Bilhete Único, dois projetos de lei (PLs 1366 e 1367/2016) alteram a legislação original, que criou esse mecanismo de integração tarifária, com vistas a desvincular sua operação das próprias tarifas de transporte.

Como assim?

Quem utilizar modais de transporte mais caros (logo, que fazem viagens mais longas e atendem localidades mais periféricas) será praticamente excluído do benefício.

Quem será impactado mais diretamente com isso?

Obviamente, os moradores das periferias mais distantes, atendidos pelas linhas de ônibus mais longas e custosas. Como se pode ver nos mapas da figura, as áreas que tem apresentado maior potencial de crescimento populacional são, ao mesmo tempo, as mais distantes das áreas de maior atividade econômica e concentração de empregos. São novos bolsões de pobreza e periferias isoladas que se formam no rastro da megavalorização imobiliária. Esse fenômeno tem expulsado nosso povo de seus bairros de origem e forçado os mais pobres, ora a intensificar a favelização, ora a buscar terras ainda mais longínquas para se estabelecer. Os próprios programas habitacionais oficiais, tais como o MCMV reforçam essa lógica, quando apresentam a grande maioria de seus produtos em áreas muito distantes dos principais centros e subcentros metropolitanos.

Mas a médio e longo prazo, todos perdem. Com a maior oneração e a desvinculação do Bilhete Único em relação às tarifas, as empresas que pagam o Vale-Transporte para seus empregados terão um aumento de custo e tenderão a selecionar suas contratações em áreas mais próximas. Com as reformas prometidas na nova licitação das linhas de ônibus, a tendência de redução de número de linhas criará ainda mais dificuldade para o desenvolvimento de novas centralidades metropolitanas. Vale lembrar que, por onde passa o BRT, as linhas locais tendem a ser extintas ou encurtadas, dificultando e, às vezes, inviabilizando a mobilidade local.

MAIS DEMANDA PARA TRENS, METRÔ E BARCAS

Outro impacto que deve ser sentido por todos é que, ao indexar o uso do Bilhete Único às tarifas dos transportes de massa, o Governo estimula que os usuários usem mais e mais o metrô, as barcas e os trens suburbanos, saturando ainda mais esses sistemas que já não conseguem dar conta sequer da demanda atual.

PELA ESTATIZAÇÃO DO RIOCARD!

Além dos projetos em si, as declarações do Governador e de seu Secretário de Transportes indicam que nada vai mudar em relação ao sistema RioCard. Esse sistema de bilhetagem criado e operado pelos empresários de ônibus, sem qualquer licitação ou controle público, continuará perfazendo o papel de câmara de compensação do sistema. Isso é uma flagrante inconstitucionalidade e precisa ser denunciada! Estatizar o RioCard seria o primeiro passo para termos um sistema com controle público e rumo a uma efetiva modicidade tarifária. Mas um governo que é parceiro e financiado pelos empresários de ônibus e empreiteiras só pode mandar essa conta, mesmo, é para a classe trabalhadora.

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