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Opine: revitalização de Santa Teresa

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“Sair do Centro da cidade e ir para Santa Teresa é mais ou menos o mesmo que sair de Ipanema e ir para Petrópolis, só que, no primeiro caso, em 10 minutos de carro, chega-se à serra. Era assim que eu me sentia quando pegava o bonde na Carioca…Os arcos da Lapa eram a passagem da cidade para a serra. (…) As pessoas que hoje em dia estão, infelizmente, acostumadas com a “zona” que está o Rio de Janeiro, não tem ideia do que era isso: um sossego a 10 minutos do Centro ou da Zona Sul ou Zona Norte; acham que Santa Teresa tem que ser igual a todo o resto, ou seja, uma “zona” também. O bairro de Santa Teresa – como qualquer outro lugar – tem sua capacidade de suporte, que está sendo extrapolada muito além da conta porque a administração da cidade não entende cada bairro com suas características e diferenças. Ipanema, Santa Teresa, Bangu, Cosme Velho, Paquetá, Engenho de Dentro, Tijuca, cada um tem cara própria. Infelizmente a população da cidade já se conformou com a “zona”. A nossa capacidade de suporte já foi pro brejo há muito tempo.”

Este é o depoimento de Teresa Brancatto, antiga moradora de Santa Teresa. Se é evidente a revitalização no único bairro da cidade que resguardou os bondes, há uma preocupação de boa parte dos moradores quanto a um crescimento desordenado. Eventos como o Santa Teresa de Portas Abertas e a Flist multiplicam os visitantes a cada edição. Cresceu a oferta de bares e pousadas informais (os cama & café), o que aumentou consideravelmente o movimento em um lugar que já foi pacato. A abertura do Hotel Santa Teresa suscitou uma grita contra o movimento de carros e o barulho excessivo do bar (veja vídeo). Uma obra isolou os potentes, e barulhentos, aparelhos de ar condicionado do empreendimento cinco estrelas mas, segundo vizinhos, não surtiu o efeito esperado.

Paradoxalmente, a única padaria fechou as portas e o único armarinho virou…bar. A iluminação é precária e as ruas continuam cheias de buracos. Já havia relatado esta questão da revitalização no blog, no ano passado. Ponderei, inclusive, que o decreto 26.748/06, da prefeitura, regulamentou, de forma inadequada, a reconversão de edificações tombadas ou preservadas, abrindo a possibilidade de transformação do uso. A matéria deveria ser regulada por lei apreciada na Câmara Municipal. Outro decreto criou o pólo gastronômico, cultural e turístico de Santa Teresa. Segundo denúncias de moradores, este decreto vem dando respaldo à liberação de atividades comerciais que não estão previstas nos documentos legais de ordenamento de uso do solo para a região, com a autorização dos órgãos de fiscalização que estão sendo, no mínimo, complacentes.

Opine. O que você acha do processo de revitalização em Santa Teresa?

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