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SOS Santa Teresa: onde está a revitalização do bairro?!

Santa Teresa não tem mais supermercado. O bairro perdeu a quitanda com fachada de azulejos portugueses. Há tempos, não existe mais armarinho e uma padaria apareceu tímida. Enquanto os serviços minguam, multiplicam-se bares, restaurantes, hospedarias e turistas. O trânsito e o estacionamento irregular se intensificam, especialmente nos fins de semana.

Os preços praticados subiram e cada vez mais a opção do morador é descer a ladeira em busca de infraestrutura e até lazer mais democrático. Qual o destino da quitanda dos portugueses que servia aos moradores e atraía a lente dos turistas, ninguém sabe. O supermercado, dizem, vai virar churrascaria. Cresce um sentimento de temor pelo futuro do aprazível bairro que continua sem os tradicionais bondinhos desde o acidente em 2011 em que morreram seis pessoas e mais de 50 ficaram feridos.

É neste momento de esvaziamento de serviços e de especulação gritante do preço de imóveis que a Câmara Rio recebe mensagem do Executivo que autoriza a reconversão de edificações tombadas e preservadas, no município do Rio de Janeiro, e assegura nova função a estes imóveis . Na justificativa, Eduardo Paes cita, como exemplo de prioridade, “a transformação de imóveis uniresidenciais em hospedagem turística”. Imóveis de uso não residencial podem ser transformados, entre outros destinos, em cafés e bistrôs.

A reconversão foi motivo de decreto baixado pela prefeitura em 2006, duramente criticado pelo mandato e pela AMAST (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa). O mandato apresentou projeto de decreto legislativo a fim de reverter a determinação do Executivo por entender que tal decreto abria a possibilidade de transformação de uso, o que caracteriza a usurpação de prerrogativa do Poder Legislativo e a extrapolação da capacidade de legislar do Poder Executivo. O mesmo ocorre agora com a nova investida da prefeitura em forma de mensagem do Executivo.

A crítica ao projeto é extensiva a outras áreas onde existem imóveis nas mesmas condições. Santa Teresa – que já possui dezenas de cama e cafés instalados em antigas residências – é a prova de que a reconversão não é sinônimo de revitalização.

“Dizem que Santa Teresa está em processo de revitalização mas não temos mais padaria, nem açougue, nem armarinho, nem quitanda. Temos mais bares e mais engarrafamento. Muitos moradores hoje optam pelo lazer fora do bairro. Estamos perdendo qualidade de vida”, afirmou o presidente da AMAST, Paulo Saad, em reunião realizada ano passado, da qual participamos.

É mister mobilizar moradores e discutir o processo por que passa Santa Teresa. Para garantir a preservação de um bairro bucólico e repleto de casas antigas com valor histórico e arquitetônico, o mandato defende a criação da APARU Santa Teresa (Área de Proteção Ambiental e de Renovação Urbana). O momento é de organizar a resistência para impedir que o bairro perca, além de serviços essenciais, as peculiaridades e singularidades que imprimiram seu charme no cenário carioca.

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26 Responses to SOS Santa Teresa: onde está a revitalização do bairro?!

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